
Euclides, Guimarães: plurais sertões
A terceira edição do projeto Luz do Verbo, na Do Arco da Velha Livraria e Café, abordou o fascínio e o mistério dos sertões do Brasil, a partir de duas obras literárias fundamentais: Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. O descontraído evento de cultura geral, guiado pela literatura e apresentado pelo poeta Marco de Menezes e pelo jornalista Nivaldo Pereira, aconteceu no dia 21 de julho, quarta-feira, às 20h. Além de trechos de filmes e projeção de imagens, também ilustraram o encontro as leituras dramáticas do ator Maquiam Silveira e a música de Camila Cornutti, em canções de temática sertaneja.
As duas obras eleitas para o encontro são pilares da cultura brasileira no século XX e não cessam de influenciar outras artes, como o cinema. Publicado em 1902, Os Sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909), é um livro complexo e absolutamente original, que soma ao relato jornalístico sobre a Guerra de Canudos (1896-1897), na Bahia, densas análises de cunho geográfico, histórico e antropológico acerca da paisagem e do homem do interior do país, tudo com uma verve literária única. Euclides da Cunha casa ciência e arte, sem perder de vista a emoção do leitor. Ainda que certas idéias científicas adotadas no livro tenham sido refutadas pelo tempo, o relato potente de Os Sertões se imortaliza como denúncia da barbárie do homem dito civilizado.
Grande Sertão: Veredas, obra-prima de Guimarães Rosa (1908-1967), lançada em 1956, é outro monumento literário brasileiro. Há quem o considere um dos livros mais importantes em língua portuguesa, pelo que conjuga de carga mítica, discussão filosófica, criação de linguagem, densidade psicológica, universalidade temática e colorido regional, entre outros tantos atributos. Os sertões aqui não são os da caatinga nordestina, mas os campos e matas das fronteiras de Minas Gerais, Bahia e Goiás. Por entre guerras de jagunços, mistérios e amores nos sertões, Rosa apresenta, na jornada do narrador Riobaldo, a travessia humana universal nas veredas do autoconhecimento.
Adiantando: a quarta edição do Luz do Verbo, dia 18 de agosto, vai contemplar o orientalismo de Hermann Hesse e a literatura de cunho espiritualista e psicanalista.
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